Pode-se dizer que a Gestalt-terapia se baseia na crença de que a lei responsável por governar o funcionamento do ser humano é a da busca da auto-atualização; uma tendência para atualizar-se.
Para Fritz Perls, os indivíduos se atualizam dando prioridade para a execução de ações que visem satisfazer necessidades emergentes. Quando uma necessidade é satisfeita, deixa de ser figura e outra necessidade emerge.
As complicações surgem, neste processo de auto-atualização, quando não há como satisfazer uma destas necessidades básicas.
Ao desenvolver este pensamento, Perls se baseou na teoria da auto-regulação organísmica, proposta por Kurt Goldstein. Goldstein propõe a auto-regulação como uma forma de atualização do organismo, através da interação com o mundo, procurando encontrar o equilíbrio para o sistema. E o equilíbrio acontece quando o organismo consegue corresponder, satisfatoriamente, ás demandas do meio em que está inserido.
Tendo em vista que a Gestalt-terapia é uma terapia existencial-fenomenológica (YONTEF, p. 16, 1998), depreende-se que é mais do que uma forma de atuar em quaisquer áreas da psicologia. Visando mostrar a terapeutas e clientes uma forma diferenciada de perceber e sentir o mundo, esta abordagem pode e deve ser estendida para uma maneira de viver, como uma postura diante de todas as relações.
Percebemos que o que os coloca diante do cliente numa relação autêntica, é a fé na capacidade de auto-realização em seu crescimento.


O Gestalt-terapeuta acredita que todas as pessoas têm em si potencialidades que permitem que elas façam a melhor escolha possível para elas, naquele momento. Quem sabe o que é melhor para a pessoa é ela própria e não o Gesltalt-terapeuta.
Ele irá apenas ajudar o cliente a se perceber, a ficar aware do que ele sente e pensa; aware do que faz consigo mesmo e de como é sua relação com o mundo. O Gestalt-terapeuta é somente um facilitador para que o cliente se conheça e se perceba. Essa é sua principal função. Dar uma fórmula para o cliente resolver um problema pode significar que o Gestalt-terapeuta não confia na capacidade do sujeito de descobrir por si mesmo, como lidar com as situações. Pelo contrário, a conduta do Gestalt-terapeuta deve ajudar o cliente a enxergar a si mesmo e sua própria vida. Deste modo, é possível encontrar sozinho a forma mais adequada de fechar suas “gestalten” abertas.
Assim, direcionamos ao cliente uma atitude de fé que, dentro da psicoterapia, implica ter fé no desenvolvimento e crescimento humano, acreditar na construção de uma relação.
